Aromas e flores
Sons, constelações
Vitrais de mil cores
Pueris amores e canções
Texturas, sabores
Ruas, varandins
Poemas, louvores
Risos de crianças e jardins
Foi tudo o que para trás ficou
É tudo aquilo que eu perdi
Um tempo alegre que me abandonou
Hoje a lembrança é o que restou de mim
O enredo adensou e a terra tremeu
Estandartes da raiva e da mentira que nasceu
Assim me contava
De voz cambiante
O rosto vincado
A pele tisnada
O olhar errante
Tamanha tristeza
Na noite vazia
Crescente incerteza
De tão escura e lenta agonia
Pois o que para trás deixou
É uma lembrança que resiste
Um tempo alegre que o abandonou
A casa que não sabe se ainda existe
O enredo adensou e a terra tremeu
Estandartes da raiva e da loucura que surgiu
Pois tudo acabou, a ira cresceu
E lançou as trevas que amarraram o coração
Cruzei montes, cruzei vales
Caminhei por tempestades
Desconheço estas estrelas
Não sei guiar-me por elas
Vi distantes horizontes
Cruzei mares, cruzei pontes
Somos tantos no caminho
Sem abrigo, sem destino
Mas, regresso às emoções
De outrora
Que mantenho num lugar perfeito
Pois protegem a memória
Nunca mais se apartam do meu peito
Danças e cantares p'la noite fora
Tradições, herança que recordo
A alegria do encontro
Que ilumina as sombras desta hora
E assim semeio a coragem
Com que desafio o desespero
Na vertiginosa imagem
Com que afasto
O mal de que padeço
E com estas emoções de agora
Que conservo vivas no meu peito
Protetoras da memória
E assim lembradas num lugar perfeito