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Via della croce [Portuguese translation]
Via della croce [Portuguese translation]
turnover time:2025-02-22 07:43:49
Via della croce [Portuguese translation]

"Poder-te desmembrar com os dentes e as mãos,

Saber os teus olhos bebidos pelos cães,

De morrer na cruz podes ser grato

A um bravo homem de nome Pilatos."

Bem mais da morte que hoje te quer,

Mata-te o veneno destas palavras:

As vozes dos pais daqueles recém nascidos

Por Herodes para ti trucidados.

No lúgubre escárnio dos trajes novos

Medem a gotas a dor que provas;

Trinta anos esperaram com o fígado na mão,

Os estertores de um charlatão.

Movem-se curvas as viúvas na cabeça,

Para elas não é uma tarde de festa;

Cerram-se as vestes nos olhos e no coração

Mas filtra pelos véus a dor:

Fieis humilhantes por um credo desumano

Que as quis escravas já antes de Abraão,

Com reconhecimento agora sofrem a pena

De quem perdoou a Madalena,

De quem com um gesto somente fraterno

Uma nova indulgência ensinou ao Pai Eterno,

E olhara no alto, feridas do sol,

As dores de um redentor.

Confusos à multidão te seguem mudos,

Assustados ao pensamento que tu os saúdas:

"A redimir o mundo" lhes serve pensar,

O teu sangue pode certo bastar.

A semearão por mar e por terra

Entre bosques e cidades a tua boa notícia,

Mas isto amanhã, com fé melhor,

Esta noite é mais forte o terror.

Nenhum deles te grita um adeus

Por ser descoberto primo de Deus:

Os apóstolos trancaram as gargantas à voz,

Irmão que sangras na cruz.

Enfrentaram deitados, já inclinados ao perdão,

Agora que viram o teu sangue de homem

Enfeitar-te os membros de riachos violeta,

Incapaz de prejudicar ainda.

O poder vestido de humana face,

Agora te considera morto o bastante

E já volta o olhar a espiar as intenções

Dos humildes, dos miseráveis.

Mas os olhos dos pobres choram em outro lugar,

Não vieram a exibir uma dor

Que à via da cruz proibiu o ingresso

A quem te ama como si mesmo.

Estão pálidos ao rosto, escavados ao tórax,

Não têm a face de quem se agrada

Dos gestos que agora te propõe a dor,

Apenas têm um posto de honra.

Não têm nos olhos faíscas de pena.

Não pasmaram a ver-te as costas

Curvada pela lenha que a dificuldade arrasta,

Apenas te estão próximos.

Perdoa-os se não te deixam só,

Se morreram sobre a cruz também eles,

A chorá-los sob não têm que as mães,

No fundo, são só dois ladrões.

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Fabrizio De André
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  • Languages:Italian, Ligurian, Italian (Medieval), Sardinian (northern dialects)+5 more, Neapolitan, Romani, Sardo-corsican (Gallurese), Sardinian (southern dialects), Spanish
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  • Wiki:https://it.wikipedia.org/wiki/Fabrizio_De_Andr%C3%A9
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