Às vezes olho as luzes da cidade,
Mas não consigo dar um passo em frente.
Há dias em que é tanta a claridade,
Que a gente fica cega de repente!
Nos becos mais sombrios e mais'scuros,
Consigo ver a alma das pessoas;
Correndo ruas e galgando muros,
É que eu descubro haver tantas Lisboas...
Existe uma cidade em cada esquina,
E cada esquina guarda algum segredo:
Quem o desvenda sabe ler-lhe a sina;
Quem não o faz, sujeita-se ao degredo...
São tantas as Lisboas, só um Tejo...
O rio que é quase um mar quando aqui chega!
São tantas que eu, às vezes, nem as vejo
Pois, quando há luz demais, à gente cega...