Tanto tempo
No quadrante do esquecimento
Tanto tempo
Dilúvio de silêncio
De repente
A noite cai sobre nós
Tanto tempo
Como uma maré negra
Que se estende
Na água da minha memória
Sob a proa
Dum amor que se encalha
Ah minha vida
Porque eu cai do alto
No banco de gente normal
Nas minhas mãos
Não há mais nada
Senão pão para os pássaros
Tanto tempo
Para respirar tuas cartas
Esses instantes
Que não podem renascer
Nos nossos olhos
Que não creem mais em nós dois
Tanto tempo
Que me faz roer as unhas
Até sangrar
Para clarear tua sombra
Eu tenho tanto medo
Dos fantasmas da alegria
Todas essas noites
Sobrevivendo longe de ti
No vazio dos teus braços
Agarrado no amor
Sob a avalanche dos dias
Tanto tempo
No quadrante da ausência
Lancinante
Rolamento de silêncio
De repente
O esquecimento cai em nós
O esquecimento cai em nós