Naquela manhã eu cheguei de classe econômica
e fui apressado da estação para casa
através dos jardins e atalhos conhecidos
No exército eu ganhei amigos para levar pro túmulo
e uma inflamação crônica nas articulações
recordação dos dias de guarda
Saí nas pontas dos pés
Minha mãe, já acordada, abençoou-me rapidamente
Falou: isso passou num piscar de olhos
foi bom você ter vindo, há um casamento aqui perto de nós
vão tocar para você as que você escolher
O casamento foi como qualquer outro, quer dizer,
um desfile de embriaguez e mau gosto,
e uma menina que bem conheço vestida de branco
Já no fim, desejei-lhes saúde e felicidade
ela pegou as flores das minhas mãos
e escondeu o olhar sob o véu
Então os ciganos me notaram
O padrinho pediu uma canção, mas eles se importaram comigo
Um grande sorriso e um dente de ouro:
"Eu sei que não é fácil pra você, mas agora não seja indelicado,
pode mandar que nós tocamos".
Toquem "O outono está chegando, meu marmelo", nesse início de outono
deixe a tambura entrar em transe
Sei que esta não é uma canção alegre e para comemorações
mas eu preciso ouvi-la
Toquem "O outono está chegando, meu marmelo", mas devagar
que é para nenhuma palavra se perder
Peguem as taças e canecas distantes
Eu quebraria o mundo brincando
Se fosse feito de vidro, meu marmelo
Raramente volto para casa e escrevo ainda menos
as fotos são cada vez mais raras
Assim as belas vão suprimindo as feias
mas de vez em quando peço uma bebida e assim começa
retorno ao casamento dela
Todos os amores verdadeiros são deprimentes
Não falo com ninguém a respeito
Essas ondas passam rápido e eu sei que vou me afogar
Os ciganos me trazem redenção
Eles têm um coração para cada um de nós, eles se importam.
Toquem "O outono está chegando, meu marmelo", nesse início de outono