Nas passarelas do embarque
Econômicas ou primeiras-classes, atrás ou na frente
Subimos as malas, do cais até bordo
Carregamos nas cunhas de aço, juramentos
Falta apenas um sinal, do capitão uma palavra
Da cabine até as cozinhas
No mesmo barco
Um gole de champanhe, um brinde à partida
Nas cabines, prisões e horas de quarto
Noitadas mundanas,das valsas ou tangos
Nas sombras, no pesar, uma cachaça barata *
Esperando a escala, Atenas ou Macau
Sob as mesmas estrelas
No mesmo barco
E no calor das máquinas, o marinheiro sofre
Perto da piscina, as belas e os belos
Salas de máquinas, salas de jogos
Aqui o suor, e lá em cima o maior luxo
Mas vem uma tempestade, uma onda em sobressalto
Todas as almas se inquietam
No mesmo barco
Quando os astros se misturam no oceano imenso
E quando tudo torna-se frágil face aos elementos
Sem categoria, sem classe, sem prisão ou belo
Cada um sente a mesma angústia
No mesmo barco