Essa virilidade
Esconde hermafroditas
Da mesma forma que estrelas cadentes
São meteoritos
Devemos nossa estabilidade
À lua
Ninguém sabe disso
Mais que a metade do nosso corpo
É feita de água
Espiritualistas, tão alcoolizados
Que generalizam sobre os generosos
Um corvo negro repousa sobre o muro
O canguru não quer mais chutar
Tudo que devo fazer agora que tenho tudo
O que devo fazer para me salvar é ficar nu
Tudo que devo fazer agora que tenho tudo
O que devo fazer para me salvar é ficar nu
Outro ano passou
Sufocado na decepção
De estar ciente que os meus dias
Acabaram, mas eles seguem
Seguem na direção do infinito
Que não posso imaginar
Até que eu perceba
Que respirar é infinito
O peregrino em sua vigília
Relaxa pensando em seu casulo
Enquanto a sua marcha o liga à uma pausa
Ele bebe um copo de leite de vaca
Tudo que devo fazer agora que tenho tudo
O que devo fazer para me salvar é ficar nu
Tudo que devo fazer agora que tenho tudo
O que devo fazer para me salvar é ficar nu
Ficar nu...
Ficar nu...
Eu entendi tarde que não é tarde demais
Para não render uma outra novidade
Para não querer mais jovens mudas
O que ficará é o que eu renuncio
Ficar nu
Tudo que devo fazer agora que tenho tudo
O que devo fazer para me salvar é ficar nu
Ficar nu
Ficar nu