Chegaste na manhã do desespero
Trazias uma chama mansa e esguia
Subindo todo o corpo em que te quero
O corpo em que te perco cada dia
Partiste ainda não havia noite
Deixando atrás um rasto de loucura
Sem sombra de silêncio em que me acoite
Promessa que se rasga numa jura
Fiquei sózinho e breve, como o tempo
Quando já não há tempo que nos valha
Uma maré que empurra o desalento
De encontro à pedra fria da muralha
E agora que te sei apenas tua
Com rasgos de tristeza em vez de voz
Quero-te apenas, lua sob a lua
E morro de distância sempre a sós