atrocaducapacaustiduplielastifeliferofugahistoriloqualubrimendimultipliorganiperiodiplastipublirapareciprorustisagasimplitenaveloveravivaunivoracidade1
Senhor cidadão, (senhor cidadão)
me diga por que (me diga por que)
você anda tão triste? (tão triste)
Não pode ter nenhum amigo
(senhor cidadão)
na briga eterna do teu mundo
(senhor cidadão)
tem que ferir ou ser ferido
(senhor cidadão)
Ô, cidadão, que vida amarga! (que vida amarga!)
Ó, senhor cidadão,
eu quero saber, eu quero saber
com quantos quilos de medo,
com quantos quilos de medo
se faz uma tradição?
Ó, senhor cidadão,
eu quero saber, eu quero saber
com quantas mortes no peito,
com quantas mortes no peito
se faz a seriedade?
Senhor cidadão, (senhor cidadão)
eu e você (eu e você)
temos coisas até parecidas, (parecidas)
por exemplo, nossos dentes
(senhor cidadão)
da mesma cor, do mesmo barro,
(senhor cidadão)
enquanto os meus guardam sorrisos,
(senhor cidadão)
os teus não sabem senão morder,
(que vida amarga!)
Ó, senhor cidadão,
eu quero saber, eu quero saber
com quantos quilos de medo,
com quantos quilos de medo
se faz uma tradição?
Ó, senhor cidadão,
eu quero saber, eu quero saber
se a tesoura do cabelo,
se a tesoura do cabelo também corta a crueldade
Senhor cidadão, (senhor cidadão)
me diga por que, (me diga por que)
me diga por que, (me diga por que)
me diga por que, (me diga por que)
me diga por que, (me diga por que)
me diga por que, (me diga por que)
me diga por quê (me diga por quê).
1. Trecho de Cidade/City/Cité. (1963), poema de Augusto de Campos (1931-). Reproduzo integralmente (ainda que o ideal para esse poema, sendo concretista, seria sua reprodução em uma única linha):
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city
cité