Aqui pra morreres nem precisas ter nascido
Matam-te na barriga da tua mãe com um comprimido
Mata-te a tua mãe ou então um desconhecido
Com a mesma tesoura que ia cortar o teu umbigo
Pra morreres, pode ser no parto
Porque o pito da tua mãe não pagou o quarto
Ninguém atendeu depois dela ter gritado
Morreste ali na pia, ela sentada de quatro
Pra morreres dizem que és seropositivo
Teus dias tão contados, morres ainda vivo
E pra quem já perdeu a vida não encontra um motivo
Pra se esconder da morte atrás de um preservativo
Pra morreres, pode ser feitiço
Pode ser porque os teus pais queriam subir no serviço
Deram-te como sacrifício aos ossos do ofício
Acabas desgraçado, assassinado por um vício
E juro que pra morreres basta dizeres o que pensas
Se defendes as tuas crenças, matam-te com as tuas crenças
Aqui pra morreres não precisas ter doenças
Há juízes que morrem por lerem sentenças
Não precisas ser velho pra morreres de um AVC
Aqui podes morrer se não souberes ler
Morres sem saber que o que comes é veneno
Morres porque és grande, morres porque és pequeno
Aqui quando morres não acordas no terceiro dia
Lançam-te na terra e regam-te pelo sétimo dia
Matam-te à noite, mas quando te matam de dia
É pra pagares o preço da tua rebeldia
Aqui quando morres ficas herói dos que te matam
No dia do teu velório eles é que choram, eles é que cantam
Eles é que mandam estudar fora os teus filhos
E quando eles crescem, tornam-se padrinhos
Aqui quando morres, levam-te ao suicídio
Matam-te a rir, depois dum convívio
E nem precisas ser presidente d'um partido
Matam-te por seres presidente de um município
Mahumudo Amurane
"Nampula deve se orgulhar de ter um presidente íntegro.
Não tem negócios com o Município
Não tenho empresas associadas fazendo negócios com o Município
Não tiro um centavo do município
E desafio esta informação, vou pedir uma verba de 3 milhões de meticais
Para o jornalista que inventou esta informação de que tenho casa em Portugal
O camaramen, o Procurador e três membros da Assembléia Municipal
Para nos dizer que o Procurador irá a meu favor viajar em Portugal
O Município vai pagar, portanto estas despesas pra irem aferir
se tem uma casa comprada a favor do Sr. Mahumudo Amurane1 ou em construção
Em Portugal está organizado, portanto, se houver, vão encontrar esta casa
Vou pedir a Assembléia Municipal essa verba pra que este jornalista,
o seu camaraman, o Procurador e três membros da Assambléia Municipal
um do MDM, um do PAHUMO e um da FRELIMO,
para haver transparência total, para aferirem se tenho casa em Portugal
Tendo casa em Portugal, desafio que vou pagar as despesas inerentes dessa averiguação
Se não houver, o jornalista que veiculou a mensagem
sem terem pelo menos consultado a informação, assim como membro do MDM,
deverá restituir esta verba ao Conselho Municipal."
1. Sete dias após o bárbaro assassinato de Mahumudo Amurane, Presidente do Município da cidade de Nampula, Mano Azagaia lança uma mensagem de reflexão sobre este e outros actos macabros que vem acontecendo em Moçambique, nos últimos tempos.