Não sei... Não sabe ninguém
Porque canto o fado
Neste tom magoado
De dor e de pranto!
E, neste tormento,
Todo o sofrimento
Eu sinto que a alma
Cá dentro se acalma,
Nos versos que canto...
[Refrão:]
Foi Deus
Quem deu voz aos olhos,
Perfumou as rosas,
Deu ouro ao sol
E prata ao luar!
Foi Deus
Quem me pôs, no peito,
Um rosário de penas
Que vou desfiando
E choro a cantar!
E pôs as estrelas do céu
E fez o espaço sem fim,
Deu o luto às andorinhas...
Ai! E deu-me esta voz a mim!
Se canto... Não sei o que canto!
Misto de ventura,
Saudade e ternura
E, talvez, amor!
Mas sei que, cantando,
Sinto mesmo quando
Se tem um desgosto
E o pranto, no rosto,
Nos deixa melhor...
[Refrão:]
Foi Deus
Quem deu voz ao vento,
Luz ao firmamento
E deu o azul
Às ondas do mar!
Foi Deus
Que me pôs, no peito,
Um rosário de penas
Que vou desfiando
E choro a cantar!
Fez poeta o rouxinol,
Pôs no campo o alecrim,
Deu as flores à Primavera...
Ai! E deu-me esta voz a mim!
Deu as flores à Primavera...
Ai! E deu-me esta voz a mim!