Assim que o sol abandonava o dia
O dedo indicava a saída
Os rios de sujeira
Olhos firmemente cerrados
A alma em espasmos
A memória devorada
O futuro cheio de medo
Um anjo à porta do inferno
Lúcifer no paraíso
Uma ninfa sussurra meu nome
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito
Santo – Amém
Deixem, pois, minha luz brilhar
E dê-me seus nomes
Fique em silêncio
E me deixe viver
Apenas este instante
Ainda que seja apenas um momento
E então me leve
Mas me deixe rezar
Deixe-me escapar uma vez só
Eu retorno a vocês
Mas nunca ao Demônio
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito
Santo – Amém
Quem os mandou para mim?
Não estou cego ainda
E, ainda sim, não posso ver nada
É agora, tenho eu razão?
Posso dizer ainda algo?
Alguém ainda me escuta?
Ainda tem importância?
Quem ainda pode me sentir agora?
Já aconteceu?
Passou?
Já aconteceu?