Me deixa ser quem faz o laço da gravata
Do mordomo que te serve o jantar
Me deixa ser o suporte que segura a tela plana
Da sua sala no lugar
Me deixa usar o pé pra equilibrar
Aquela mesa bamba
Que você aposentou há mais de um mês
Me deixa ser a sua estátua de jardim
O seu cabide de casacos
Só não me tira de vez da sua casa
Eu posso ser a empregada
Da empregada
Da empregada
Da empregada
Do seu tio.
Me deixa ser o seu pinguim de geladeira
Eu fico uma semana inteira sem mexer
Me deixa ser o passarinho do relógio
Que de hora em hora pode aparecer
Pra eu te ver
Me deixa ser quem passa a calça que você precisa usar
No seu jantar à luz de velas com alguém
Me deixa ser quem deixa vocês dois de carro
Em um restaurante caro
Só não deixa eu ser ninguém na sua vida
Eu posso ser a empregada
Da empregada
Da empregada
Da empregada
Da empregada
Da empregada
Da empregada
Da empregada
Do seu tio.