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Projeto Língua Franca - Ela
Projeto Língua Franca - Ela
turnover time:2024-11-05 02:53:31
Projeto Língua Franca - Ela

Capicua

Meu nome é Ana e sou viciada em música

É ela quem me chama quando eu já não tou lúcida

Quando o mundo desaba e o coração se quebra

É ela que o cola e sara, ela é que me devolve à terra

Ella como Fitzgerald, dura como a battle

Eu gosto dela negra como heavy metal bela

Com som ou à capella, zuka como novela

Tuga como a minha terra ou afro como o Fela

Ela é como um exorcismo e eu cismo em viver dela

É imprevista como um sismo e eu finjo conhecê-la

Sê-la é o que eu faço hoje, foi a única saída

E foi um DJ, de facto, que salvou a minha vida

Emicida

Noite camufla, sumo, supra-sumo

Eu, rumo ao abismo tipo Gizmo batismo

Domínio, uno, luzes do globo

Cores do todo, diz

Dá até a impressão que todo mundo é feliz

Os ladrão e as meretriz, brindes de fel

Lembrei da voz do Blue, os passarinho e as cascavél

Veneno é mel no inferno, sou Xangô sem alarde

Minha alma não vai se fundir com os covarde

Vim pelo som, meu bom, meu dom, meu deus

Zoom no piston, toca, alvo da fé dos ateus

Tonelada e mais tonelada de tretas, sujeira

Solidão como karma e a música de companheira

Fui

Rael

Ela surge como um vendaval

Força que me faz existir

És enredo do meu Carnaval

Ela é Jamelão, Zé Keti

Ela quem me afasta do mal

Me livra dos pé de breque

Minha oração, ritual

Ela é quem é

Valete

Pra mim biográfico, pra ti cinematográfico

Eu estava nos barracos dos bairros problemáticos

Meus putos estavam na batida do dinheiro rápido

A tentar sair do buraco através do narcotráfico

Meu mano Dida disse Viris, vê se te resguardas

Fica na retaguarda, nesta vida não te enquadras

Aqui é só vender quartas, fugir dos guardas

Correria e esquadras, a tua cena são as quadras

Larguei a rua insana, resolvi rimar o panorama

Hoje sentes os quilogramas de versos que eu kamasutro

Divulgo a trama nesta minha rotina suburbana

Componho dramas tão vívidos, chamam-me de dramaturgo

Metade dos meus manos hoje estão encarcerados

Meu mano Osvaldo, baleado e enterrado

Tenho sempre as caras deles nos meus pesadelos

Se não me tivesse afastado teria acabado como eles

Hoje sou eremita, veículo da rima honesta

Compenetrado como um islamita na mesquita

E eu limo arestas nestas palavras funestas

Lágrimas e luto, não há festa nesta escrita

Rael

Ela, ela é

Ela, ela, ela é quem é

Ela

Ela surge como um vendaval

Força que me faz existir

És enredo do meu Carnaval

Ela é Jamelão, Zé Keti

Ela quem me afasta do mal

Me livra dos pé de breque

Minha oração, ritual

Ela é quem é

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