Se deixaste de ser minha... minha dôr
Não deixei de ser quem era... e tudo é novo
Por morrer uma andorinha... sem amor
Não acaba a primavera... diz o povo
Como vês, não estou mudado... felizmente
E nem sequer descontente... ou derrotado
Conservo o mesmo presente... do passado
E guardo o mesmo passado... bem presente
Eu já estava habituado... a este fado
A que não fosses sincera... em teu amor
Por isso, não fico à espera... do sabor
Duma ilusão que eu não tinha... e nem renovo;
Se deixaste de ser minha... minha dôr
Não deixei de ser quem era... e tudo é novo
Vivo a vida como dantes... a cantar
Não tenho menos nem mais... do que já tinha
Os dias passam iguais... p’ra não voltar
Aos dias que vão distantes... de seres minha
Horas minutos instantes... desta vida
Seguem a ordem austera... com rigor
Ninguém se agarra á quimera... sem valor
Do que o destino encaminha... e não é novo;
Por morrer uma andorinha... sem amor
Não acaba a primavera... diz o povo