Era um cidadão comum
Como esses que se vê na rua
Falava de negócios, ria,
Via show de mulher nua
Vivia o dia e não o sol,
A noite e não a lua
Acordava sempre cedo
Era um passarinho urbano
Embarcava no metrô,
O nosso metropolitano
Era um homem de bons modos
"Com licença, foi engano"
Era feito aquela gente honesta, boa e comovida
Que caminha para a morte pensando em vencer na vida
Era feito aquela gente honesta, boa e comovida
Que tem no fim da tarde a sensação da missão cumprida
Acreditava em Deus
E em outras coisas invisíveis
Dizia sempre sim
Aos seus senhores infalíveis
Pois é; tendo dinheiro,
Não há coisas impossíveis
Mas o anjo do Senhor,
De quem nos fala o Livro Santo
Desceu do céu pra uma cerveja,
Junto dele, no seu canto
E a morte o carregou,
Feito um pacote, no seu manto
Era feito aquela gente honesta, boa e comovida
Que caminha para a morte pensando em vencer na vida
Era feito aquela gente honesta, boa e comovida
Que tem no fim da tarde a sensação da missão cumprida
Que a terra lhe seja leve.