Não nunca vai dar não é para ser acabou entre nós meu amor
eu tentei dizer fiz-te entender que estava perto do fim
dá-me os meus EPs os LPs dá-me tudo o que te emprestei
o livro de Vinicius de Moraes e “O Retrato de Dorian Gray”
e se algum amigo quiser saber do que aconteceu
diz-lhe que a culpada não fui eu
eu que te mostrei a Lua com Georges Méliès
eu que te mostrei a vida longe da TV
e tu ris-te de mim como Jean-Baptiste “Molière”
eu que te fiz questionar com Marcel Duchamp
dançamos com Django Reinhardt até de manhã
e tu nem de Piaf conseguiste ficar fã
sim posso voltar mas pra buscar a minha coleção de BD
os meus cartões postais os meus bonsais e a ração do Barber
e se alguém perguntar porque desapareci
diz que não estou mais para anormais e que fugi de ti
eu que me entreguei, e nem é habitual
eu que me esforcei até mudei o visual
digo agora adeus a esse olhar tão banal
eu que nunca fui muito de rezar
mas mesmo assim subi pra cima do altar
não sou mais pitéu, não, nem o teu troféu
casal eu e tu, nem no passe-partout (x3)