O mundo é mau, cruel e fraco
É só em mim em quem tu podes ter confiança
Tu só me tens a mim
Eu que te mantenho, cuido e visto
E olho p'ra ti sem ter pavor
Como posso proteger-te se te não ficares aqui
Fechado aqui
"Lembra-te do que eu te ensinei, Quasimodo."
Tu és disforme (eu sou disforme)
E aleijado (e aleijado)
E o nosso mundo não perdoa estes crimes
E tu não compreendes (é só quem me defende)
Para os estranhos és um monstro (eu sou um monstro)
Vão-te escarnecer e humilhar (sou só um monstro)
Porque hás de querer ouvir aleivosias
Fica aqui
Sê grato a mim (sou grato)
Sê fiel a mim (fiel sou)
Eu dito a lei, mandei ficares aqui (ficar aqui)
"É muito bom para mim. Perdão."
"Estás perdoando. Mas lembra-te, Quasimodo: este é o teu santuário."
"O meu santuário."
Por detrás destes muros protegido sem querer
Olha as multidões descontraídas
Sempre, sempre a vê-las escondido sem viver
As histórias que são suas vidas
Tenho as suas caras na memória
E já sei de cor como se chamam
Toda a minha vida quis saber como será
Estar com eles, ser como eles
Lá fora, livre como o sol
Só desejo um dia
Só desejo um
Poder ser livre
Fora, vivem sem saber viver
Quero ir e saber
Como é viver aí
Lá fora vejo gentes a viver o dia-a-dia
Vejo dos telhados da cidade
Vivem a alegria que é a minha fantasia
Não dando valor à liberdade
E sonho ser um deles livre p'ra viver
Lá fora, quero abraçar
O nascer do dia
Qual homem comum
Que livre vive fora
Um só dia, um, só um vai-me bastar p'ra viver
Recordar, reviver p'ra sonhar e saber
Como é viver aí