As árvores mudam de folhas,
As cobras mudam de pele,
Vem o ciclone e o vento
Muda a sua direção.
Como transbordam suavemente
Formas elásticas e movediças,
Parece que você sequer notou
Como cometeu a negação...
Agora só resta despertar-se,
E o céu já é outro
E tudo que parecia perpétuo
Foi posto sob dúvida.
Mas as auréolas empalidecem e se apagam,
E o tremor se esvai gota a gota,
Sobrou realmente bem pouco,
E você comete a negação...
Mas será que há no mundo
Flores que não desbotam,
Olhos, que para o sol
Olham e não ficam cegos?
E será que há no mundo
Aqueles países maravilhosos
Onde as auréolas não se apagam,
Onde as tintas não se tornam baças?
Lentamente e imperceptivelmente
Deslocam-se os lados do mundo,
Mares, ilhas, continentes
Mudam sua configuração.
E cada polo está sujeito
A metamorfoses invisíveis,
E cada átomo de felicidade,
Desaparece antes de seu prazo...
Mas será que há no mundo
Flores que não desbotam,
Olhos, que para o sol
Olham e não ficam cegos?
E será que há no mundo
Aqueles países maravilhosos
Onde as auréolas não se apagam,
Onde as tintas não se tornam baças?