Cuidas, ínvio, que cumpres, apertando
Teus infecundos, trabalhosos dias
. . . Em feixes de hirta lenha,
. . . Sem ilusão a vida.
A tua lenha é só peso que levas
Para onde não tens fogo que te aqueça,
. . . Nem sofrem peso aos ombros
. . . As sombras que seremos.
Para folgar não folgas; e, se legas,
Antes legues o exemplo, que riquezas,
. . . De como a vida basta
. . . Curta, nem também dura.
Pouco usamos do pouco que mal temos.
A obra cansa, o ouro não é nosso.
. . . De nós a mesma fama
. . . Ri-se, que a não veremos
Quando, acabados pelas parcas, formos,
Vultos solenes, de repente antigos,
. . . E cada vez mais sombras,
. . . Ao encontro fatal —
O barco escuro no soturno rio,
E os nove abraços da frieza stígia
. . . E o regaço insaciável
. . . Da pátria de Plutão.