De manhã cedinho
Eu salto do ninho e vou para a paragem
De bandolete à espera do sete
Mas não pela viagem
Eu bem que não queria
Mas um certo dia vi-o passar
E o meu peito céptico
Por um pica de eléctrico voltou a sonhar
A cada repique
Que soa do clique daquele alicate
No modo frenético
O peito céptico toca a rebate
Se o trem descarrila
O povo refila e eu fico num sino
Pois um mero trajecto
No meu caso concreto é já o destino
Ninguém acredita no estado em que fica o meu coração
Quando o sete me apanha
Até acho que a senha me salta da mão
Pois na carreira desta vida vã
Mais nada me dá
a pica que o pica do sete me dá
Que triste fadário,
Que itinerário tão infeliz
Cruzar meu horário com o de um funcionário
De um trem da Carris
Se eu lhe perguntasse
Se tem livre passe para o peito de alguém
Vá-se lá saber
Talvez eu lhe oblitere o peito também
Ninguém acredita no estado em que fica o meu coração
Quando o sete me apanha
Até acho que a senha me salta da mão
Pois na carreira desta vida vã
Mais nada me dá
a pica que o pica do sete me dá