Tinha amor à terra que o mar lhe ocultava
Amor, como uma mulher ao ente que vai nascer
Assim ia cuidando e em sonhos se afundava
No alto da coberta, olhando a proa erguer
Pareceu-lhe que algo se mexia
Uma névoa ao longe a querer romper
Enquanto o barco, espumando, as águas dividia
De encontro à terra prestes a nascer
Ao descobri-la porém, soube-lhe a traição
Nada os unia. Oculto no silêncio, nenhum cordão
De novo quis encobri-la mas era tarde de mais:
Nua jazia aos olhos do mundo. Apenas lhe restava
Seguir curso tristemente, sem destino nem cais
E sem corrente – vazio de si no vazio dos mares