Sou, da noite, um filho-noite...
Trago rugas nos meus dedos,
De contarem os segredos
Nas altas fontes do amor.
E canto porque é preciso
Raiar a dor que me impele
E gravar, na minha pele,
As fontes da minha dor!
[Refrão:]
Noite, companheira dos meus gritos,
Rio de sonhos aflitos
Das aves que abandonei...
Noite, céu dos meus casos perdidos;
Vêm de longe os sentidos
Nas canções que eu entreguei...
Oh, minha mãe de arvoredos,
Que penteias a saudade
Com que eu vi a humanidade
Na minha voz soluçar!
Dei-te um corpo de segredos
Onde risquei minha mágoa,
E onde bebi d'essa água
Que se prendia no ar...
[Refrão:]
Noite, companheira dos meus gritos,
Rio de sonhos aflitos
Das aves que abandonei...
Noite, céu dos meus casos perdidos;
Vêm de longe os sentidos
Nas canções que eu entreguei...