Ando na rua da noite,
Bedo vinho de saudade.
Cada esquina é um açoite
Fustigando a claridade!
Vou de noite, pela noite
De uma vida sem idade;
Não há corpo onde me acoite,
Não há casas na cidade...
Vou de noite pelo ventre
De ruas mal assombradas,
Levo uma alma doente
Nas minhas mãos desfasadas...
Vou de noite, pela noite
De uma vida sem idade;
Não há corpo onde me acoite,
Não há casas na cidade...
No rio, vejo um navio
Rumando rumo à infância!
Tenho frio... Tenho frio...
Morro do mal da distância!
Corro as ruas da cidade,
Sempre à procura de mim;
Mas ela não tem piedade
E nunca mais chego ao fim...
Ando na rua da vida,
Bebo sumo de tristeza.
Deitando contras à vida,
Sinto apenas a pobreza!
Ando na rua da vida,
Bebo sumo de tristeza.
Quem andar assim, perdida,
Não se encontra, com certeza...
Vou de noite pelo ventre
De ruas mal assombradas,
Levo uma alma doente
Nas minhas mãos desfasadas...
Na cama só vejo lama,
Na rua só piso água.
Quem me fala? Quem me chama
O nome de Mulher-Mágoa?
Corro as ruas da cidade,
Sempre à procura de mim;
Mas ela não tem piedade
E nunca mais chega o fim!
[Instrumental]
Corro as ruas da cidade,
Sempre à procura de mim;
Mas ela não tem piedade
E nunca mais chega o fim!