Rangel, Viana, Golfo, Cazenga Pois
Marçal, Sambizanga, Calemba 21
One luv, amor pu ceis
Djavan me disse uma vez
Que a terra cantaria ao tocar meus pés
Tanta alegria fez brilhar minha tês
Arte é fazer parte, não ser dono
Nobreza mora em nóiz, não num trono
Logo somos reis e rainhas, somos
Mesmo entre leis mesquinhas vamos
Gente, só é feliz
Quem realmente sabe que a África não é um país
Esquece o que o livro diz, ele mente
Ligue a pele preta a um riso contente
Respeito sua fé, sua cruz
Mas temos duzentos e cinquenta e seis odus
Todos feitos de sombra e luz, bela
Sensíveis como a luz das velas
(tendeu?)
Rangel, Viana, Golfo, Cazenga Pois
Marçal, Sambizanga, Calemba 2
Tá na cintura das mina de cabo verde
E nos olhares do povo em Luanda
Nem em sonho eu ia saber que
Cada lugar que eu pisasse daria um samba
Numa realidade que mói
Junta com uma saudade que é mansinha mais dói
Tanta desigualdade, a favela os boy
Atrás de um salario uma pá de super herói
Louco tantos orfeus, trancados
Nos contrato de quem criou o pecado
Dorme igual flor num gramado
E um vira lata magrinho de aliado
Brusco pick o cantar de pneus
Dizem que o diabo veio nos barcos dos europeus
Desde então o povo esqueceu
Que entre os meus todo mundo era Deus
[Interlúdio]
E eu não sabia mais se tava em casa ou se eu tava viajando, certo mano?
Meu coração ficou com todos meus irmãos, todas minhas irmãs que eu encontrei pelo mundo, certo? Queria agradecer a todos eles...
Rangel, Viana, Golfo, Cazenga Pois
Marçal, Sambizanga, Calemba 2
Já dizia o poeta:
A África está nas crianças e o mundo está por fora
Muito obrigado
1. Emicida : Estavamos a poucos dias em Luanda, estava andando pelas ruas refletindo sobre humanidade, como ela surge em locais onde a desigualdade causa tanta destruição, queria de alguma forma deixar uma lembrança para aquelas pessoas que me receberam tão bem. A forma encontrada foi devolver um pouco do amor que me deram nesta música. Rangel, Viana, Golfo, Cazenga, Marçal, Sambizanga e Calemba 2 são alguns dos mais pobres distritos de Luanda, quando perguntei no estúdio para o meu parceiro local Chapa quente, quais eram os nomes daqueles bairros ele disse e eu fiz uma lista, percebi que eles naquela primeira ordem já sugeriam uma boa rima. Nasceu assim esta homenagem aos bairros que nos abraçaram em Angola.