É um bom sujeito o meu pai,
Que anda sozinho e esperando.
Tem uma profunda tristeza,
De tanto vir andando.
Eu o olho de longe...
Mas somos tão diferentes!
É que cresceu com o século,
Com bonde e vinho tinto.
Velho, meu querido velho...
Agora anda tão devagar,
Como a perdoar o vento.
Eu sou seu sangue, meu velho.
Sou seu silêncio e seu tempo.
Ele tem bons olhos
E um aspecto aborrecido.
A idade caiu em cima dele,
Sem choro nem vela.
Eu vivo os anos jovens,
E o homem, os anos antigos.
A dor carrega em si
E tem uma história sem tempo.
Velho, meu querido velho...
Agora anda tão devagar,
Como a perdoar o vento.
Eu sou seu sangue, meu velho.
Sou seu silêncio e seu tempo.
Eu sou seu sangue, meu velho.
Sou seu silêncio e seu tempo...