Uma fileira de bancos em um agitado final de abril
Olho por cima do ombro e te vejo piscar os olhos
Estou a tua disposição quando queiras
Um vento sopra lixo pelo corredor uma última vez
Tu e eu prendemos a respiração e nos damos as mãos num salto
Não se está tão longe de casa assim
Ainda assim milhares de lágrimas restam
Elas eram tuas para entregar a alguém
Finalmente
Elas são as jóias mais preciosas que possuis
Por isso nunca mais peça desculpas
Finalmente
As fronteiras delas ultrapassamos
Lembras-te do nosso juramento de sangue, nossa lei
Nossa estúpida cruzada contra uma cidade igualmente estúpida
Eu me lembro de tudo, tal como pregos no vidro
Mas tu só ris de mim, reduzes tudo a uma piada
Mas noto em tua expressão ansiosa, teu ar de caçadora que parece
Estar longe de casa
E em breve não haverá mais lágrimas
Eles eram nossas para dar a alguém
Finalmente
Elas são as jóias mais preciosas que possuímos
Então nunca mais peça desculpas
Finalmente
As tuas fronteiras mesmo tu defines
Aquele menino que eu jamais conheci
Que andou por ruas que jamais vi
E pensava em coisas que eu jamais pensei
Sob cabelos finos e rebeldes
E todas as emoções atingiram e detonaram
Dias-úteis inteiros com buracos
Na época em que nada acontecia
Numa cidade que sempre dormia
Mas amor, todos nós já fomos pequenos
Sim, todos nós já fomos pequenos
Sim, todos nós já fomos pequenos
Eu atiro pedras em minha casa de vidro
Lanço dardos em minha incubadora
Assim cultivo o meu medo
Sim, semeio sem parar sementes novas
E em minha estufa fico a salvo
Ali a inveja cresce pronta e verde
Tenho pavor de viver
E eu estou morrendo de medo de morrer
Mas amor, todos nós morreremos um dia
Sim, todos nós morreremos um dia
Sim, todos nós morreremos um dia