A vida vem desse andar
O vento vem do quintal
Meu quarto é habitado
Por segredos de amor
Na cabeceira da cama
Dois criados-mudos
Um com um caderno
O outro com livro
De amor
Um caderno de estudante
Um livro de amores
A vida vem desse andar
O vento vem do quintal
Uma mesa de desenhar
Um roupão vermelho e branco
Charlie Brown e Tintin
Um móvel de três gavetas
De amor
As brincadeiras e as fotos
Na gaveta de cima
Despedidas dolorosas
Na do meio
Quando o meu quarto se apaga
E se reacende em outros lugares
Eu ouço os meus vestidos de flores
Avançando pelas ravinas
de amor
E os fechos de colares
Os sapatos da Lanvin
Eu os ouço falar
Quando o meu quarto se apaga
Eu sempre me lembrarei
Sempre, sempre, sempre
A vida vem do quinta
Sempre, sempre, sempre
O vento vem do meu amor
As cortinas são de ceda
No Waldorf-Astoria
A caça é de prata
No hotel St-Amant
Meu quarto é de papel
As paredes são de amor
As mais belas de um lado
Do outro, as mais pesadas
De amor
Sim, de amor
A vida vem desse andar
O vento vem do quintal
Meu quarto é habitado
Por segredos de amor
Que começam na escola
E se rendem esta noite
Deitar nas gôndolas
E caixas de tecidos
De amor
Quando eu preciso de você
É aqui que eu venho
À pesca de beijos
À caça de abraços
Eu voltarei sempre
Sempre, sempre, sempre
A vida vem do quintal
Sempre, sempre, sempre
O vento vem do meu amor
Eu voltarei sempre
Sempre, sempre, sempre
Falar com os meus amores
Sempre, sempre, sempre
O vento vem do meu amor
Eu voltarei sempre
Sempre, sempre, sempre