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Les poètes de sept ans [Portuguese translation]
Les poètes de sept ans [Portuguese translation]
turnover time:2024-11-06 04:37:45
Les poètes de sept ans [Portuguese translation]

Ao Sr. Paul Demeny

E então a Mãe, fechando o livro de dever,

Lá se ia satisfeita e orgulhosa, sem ver

Em seus olhos azuis, sob as protuberâncias

Da face, a alma do filho entregue a repugnâncias.

O dia inteiro ele suou de obediência; que

Inteligente ! e entanto, uns tiques maus, um quê

Já demonstravam nele acres hipocrisias.

No escuro corredor, junto às tapeçarias

Mofadas, estirava a língua, os punhos fundos

Nos bolsos e, fechando os olhos, via mundos.

Sobre a noite uma porta abria-se: na rampa da

Escada, a resmungar, o viam, sob a lâmpada,

Como um golfo de luz a pender do teto. E no

Verão, abatido, ar estúpido, o menino

Teimava em se trancar no frescor das latrinas

Para pensar em paz, arejando as narinas.

Quando o jardim de trás da casa se lavava

Dos odores do dia e, no inverno, aluarava,

Jazendo ao pé do muro, enterrado na argila,

Para atrair visões esfregava a pupila

E ouvia o esturricar das plantas nas treliças.

Pobre ! para brincar só crianças enfermiças

De fronte nua, olhar vazio que lhes erra

Pela face, escondendo as mãos sujas de terra

Nas roupas a cheirar a fezes, todas rotas,

Falando com essa voz melosa dos idiotas !

E quando o surpreendia em práticas imundas,

A mãe se horrorizava; o menino, profundas

Carícias lhe fazia, a apaziguar-lhe a mente.

Era bom. Ela tinha o olhar azul, — que mente !

Aos sete anos compunha histórias sobre a vida

No deserto, onde esplende a Liberdade haurida,

Florestas, rios, sóis, savanas ! Recorria

A revistas nas quais, encabulado, via

Italianas a rir e espanholas bonitas.

Quando vinha, olhos maus, louca, em saias de chitas,

A filha — oito anos já ! — do operário do lado,

A pirralha infernal, que após lhe haver pulado

Às costas, de algum canto, a sacudir as roupas,

Ele por baixo então lhe mordiscava as popas,

Porquanto ela jamais andava de calçinha.

— Cheio de pontapés e socos, ele vinha

Trazendo esse sabor de carne para o quarto.

Da viuvez invernal dos domingos já farto,

Junto à mesa de mogno, empomadado, a ter de

Recitar a Bíblia encadernada em verde

E a sofrer a opressão dos sonhos maus em que arde,

Já não amava Deus; mas os homens, que à tarde,

Via, sujos, chegando em suas casas baixas,

Quando vinha o pregoeiro, entre ruflar de caixas,

A ler seus editais entre risos e pragas.

— Sonhava as vastidões de prados onde as vagas

De luz, perfumes bons, douradas lactescências

Se movem calmamente e evolam como essências !

E como saboreava antes de tudo arcanas

Coisas, se punha, após baixar as persianas,

A ler no quarto azul, que cheirava a mofado,

Seu romance sem cessa em sonhos meditado,

Cheio de plúmbeos céus, florestas, pantanais,

Flores de carne viva em bosques siderais,

Vertigens, comoções, derrotas, falcatruas !

— Enquanto progredia a agitação das ruas

Embaixo, — só, deitado entre peças de tela

De lona, a pressentir intensamente a vela !

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