Um passo, uma pedra, um caminho caminhando
Um resto de raíz, é um pouco solitário
E um caco de vidro, é a vida, é o sol
E a morte, é o sono, é uma armadilha entreaberta
Uma árvore milenar, um nó, na madeira,
E um cachorro latindo, é uma ave no ar
E um tronco apodrencendo, é a neve derretendo,
E o mistério profundo, a promessa de vida
E o sopro do vento em cima do morro
E uma velha ruina, o vazio, o nada,
E a pega cantando, é a chuva chuvendo,
Torrentes de alegria, são as águas de março
E o pé avançando de maneira segura, lentamente
E a mão se estendendo, é a pedra que a gente joga
E um buraco no chão, um caminho caminhando
Um resto de raíz, é um pouco sozinho
É uma ave no céu, é uma ave no chão
Um jardim que a genta molha, uma fonte de água clara
É um estrepe, é um prego, é a febre subindo
E uma conta bem contada, é um pouco de nada
Um peixe, um gesto, é uma prata brilhando
Tudo que a gente espera, é tudo que nos resta
E madeira, é um dia, o fim do cais
E um álcool adulterado, o caminho mais curto
E o grito da coruja, um corpo adormecido
Um carro enferrujado, é a lama, é a lama
Um passo, uma ponte, um sapo que coaxa
E uma barcaça passando, é um belo horizonte
E a temporada das chuvas, o derretimento do gelo
São as águas de março, é promessa de vida
Uma pedra, um pau, é Josep, é João
Uma cobra atacando, um corte no calcanhar
Um passo, uma pedra, um caminho caminhando
Um resto de raiz, é um pouco sozinho
E o inverno se apagando, o fim de uma estação
E a neve derretendo ; são as águas de março
E promessa de vida, o mistério profundo
São as águas de março no fundo do seu coração
Um passo, uma pedra, um caminho caminhando
Um resto de raíz, é um pouco sozinho...
Un pas, une « ...pedra é o fim do caminho
E um resto de toco, é um pouco sozinho... »
Um passo, uma pedra, um caminho caminhando
Um resto de raíz, é um pouco sozinho...