(Criança:) Alô
(Papa:) Escuta, a mamã está perto de ti?
É preciso dizer-lhe: «Mamã, é alguém para ti.»
(C:) Ah! É o senhor da última vez?
Bem, e vou procurá-la
Eu creio que ela está no seu banho.
E não sei se ela pode vir.
(P:) Diz-lhe, suplico-te, diz-lhe que é importante
Mas ele aguarda
(C:) Diz, tu fizeste alguma coisa à minha mamã?
Ela fez-me sempre grandes sinais,
Ela disse-me sempre muito baixinho: «Fá-lo crer que não estou aqui.»
(P:) Conta-me como é a tua casa?
Tu aprendes bem todas as tardes as tuas lições?
(C:) Oh sim! Mas como a mamã trabalha
É a vizinha que me leva à escola
Há só uma assinatura no meu caderno,
Os outros têm as do pai deles , eu não.
Oooooh diz-lhe que eu estou mal
Tão mal há seis anos
E é a tua idade, minha criança.
Ah non! Eu, eu tenho cinco anos.
Eh! diz, tu conhecias a minha mamã antes?
Portanto ela nunca me falou de ti.
Tu vais ficar aqui, não vais?
O telefone chora, quando ela não vem
Quando eu lhe grito: «Eu amo-te.»
As palavras demoram no auscultador
O telefone chora, não desligue
Eu estou tão perto de ti com a voz.
Tu estarás nas próximas férias no hotel Beau-Rivage?
Tu gostas de praia?
Oh sim! Eu adoro banhar-me,
Agora eu sei nadar.
Mas diz então, como é que tu conheces o hotel Beau-Rivage?
Tu estiveste lá mesmo, em Sainte Maxime?
Ooooooh! Diz-lhe toda a minha pena
O quanto eu vos amo, as duas
Eu vos amo! mas eu nunca te vi
E o que é que fizeste
Porque é que mudaste a voz
Mas tu estás a chorar, porquê?
O telefone chora quando ela não vem
Quando eu lhe grito: «Eu te amo.»
As palavras demoram no auscultador.
O telefone chora, oh, não desligues
Eu estou perto de ti com a voz
Diz, escuta-me, sim
O telefone chora pela última vez
Porque estarei amanhã ao fundo de um comboio
Diz, mas lembra-te
Mas ele vai-se embora!
Vamos insiste!
Ela partiu
Se ela partiu, então tanto pior.
Adeus, senhor
Adeus, pequena.