O avô Siset falava-me
pela manhã no umbral
enquanto o sol esperávamos
e as carroças a passar.
Siset, tu não vês a estaca
a que nós estamos atados?
Se não nos livrarmos dela
Não podemos caminhar!
Se a puxarmos, ela cairá
e não muito mais durará,
certinho tomba, tomba, tomba
bem carcomida já está.
Se eu a puxar com força aqui
e tu a puxares com força aí,
certinho tomba, tomba, tomba
e podemo-nos libertar.
Mas, Siset, já passei muito,
dilaceram-se-me as mãos,
e quando a força me falta
já não se pode aguentar.
Bem sei que está ‘podrecida
mas, Siset, está a pesar tanto,
que às vezes a força me falha.
Repete lá o teu canto:
Se todos puxarmos, ela cairá
e não muito mais durará,
certinho tomba, tomba, tomba
bem carcomida já está.
Se eu a puxar com força aqui
e tu a puxares com força aí,
certinho tomba, tomba, tomba
e podemo-nos libertar.
O avô Siset já nada diz,
maus ventos o afastaram,
só ele saberá para onde
e eu aqui no meu umbral.
E enquanto passam os novatos
estico o pescoço a cantar
a canção última do Siset,
a canção que me ensinou.
Se a puxarmos, ela cairá
e não muito mais durará,
certinho tomba, tomba, tomba
bem carcomida já está.
Se eu a puxar com força aqui
e tu a puxares com força aí,
certinho tomba, tomba, tomba
e podemo-nos libertar.