Obcecada com o pior
E não muito prolixo
Os meus mais leves suspiros
Se metafisicam
Tenho no meu céu
Toneladas de celestes
Presos às asas
E cai o anjo Gabriel
Obcecada com o pior
Um pouco física demais
O desejo de tremer
É faraônico
Ao diabo com a ascese
Minha vida se escurece
Eu, sem língua
Sem sexo, perco o sangue
O amor não é nada
Quando é politicamente correto
Se ama bem
Não se sabe quando se machuca
O amor não é nada
Quando é sexualmente correto
Se cai logo no tédio
Gritamos antes de fazê-lo parar
A vida não é nada
Quando é morna
Ela se consome e muda
O sangue nas cinzas do cigarro
A vida é boa
Ela é doce como mel
Quando fica ácida como dinamite
Quem me ama me segue
Obcecada com o pior
E não muito prolixo
Os meus mais leves suspiros
Se metafisicam
Tenho na cabeça
Muitas piruetas
O salto do anjo
Não é estranho pra mim
Obcecada com o pior
E não muito prolixo
Dividir minhas risadas
Mais ou menos plutônicas
Tenho na minha esfera
Uma estufa
Meu sangue ferve
Bebo de tudo, resumindo