Ribeiro não corras mais,
Que não hás-de ser eterno:
O Verão vai-te roubar
O que te deu o Inverno!
Até a lenha no monte
Tem sua separação;
Duma lenha se faz santos
E doutra lenha, se faz carvão.
Ando caído em desgraça,
O que é que eu hei-de fazer?
Todos os santos que pinte
Demónios têm que ser!
São tão grandes minhas penas,
Que me deitam a afogar:
Vêm umas atrás das outras,
Tal como as ondas andam no mar!
Apanho e como as raízes
Que estão debaixo da terra;
Só as ramas as não como,
Porque essas o vento as leva...
Ó pinheiro, meu irmão!
Tu também és como eu:
Também tu estendes, em vão,
Ó pinheiro irmão, teus braços prò céu!
[Instrumental]
Também tu estendes, em vão,
Ó pinheiro irmão, teus braços prò céu!