Ela tinha tarôs taduados
No ombro direito enquadrados
Por duas cicatrizes de faca
Tinha nascido em Buenos Aires
Mistura de Indio e de S.S
Ela tinha no pulso direito
Um fita de lembrança do Senhor do Bonfim da Bahia
Da Bahia, da Bahia..
Ela te deixava um gosto amargo
De côco e limão verde
Ela estava me esperando debaixo da varanda
Em Fortaleza...
A gente morre as vezes por um triz
Uma tarântula ou alguma tristeza
Un escorpião, um Americano
Ela trabalhava num hotel
Restaurante, gasolina e bordel
Moda de Paris, winchester
Lembrança do Senhor do Bonfim da Bahia
Da Bahia, da Bahia...
Ela tinha um olhar torto
No seus ombros e na sua grana
E você ficava lá mofando
Em Fortaleza
Ela sorria debaixo da varanda
E gente vê lá de olhos meio fechados
Numa tarde de calor
Eu passei por volta das cinco horas
Imóvel no meio da flores
Ela não me respondeu
Faltava no seu pulso direito
A fita de lembrança do Senhor do Bonfim da Bahia
Da Bahia, da Bahia...
Ela sorria debaixo da varanda
Com sangue na boca em forma de coração
Vai saber pra quem ou por que ?
Em Fortaleza...
Eu tanto chorei que você vê
Tenho um véu na voz
Mas quem se lembra de tudo isso ?
Atravessado pelo equador
Os grandes ventos soprando do Noroeste
Amarrei no meu pulso direito
A fita de lembrança do Senhor do Bonfim da Bahia
Da Bahia, da Bahia...
Alísios que a gente segue de través
Barreiras de corais debaixo do mar
Par ir no Cabo Verde
Será que vão se lembrar de tudo isso, em Forteleza ?
Será que vão se lembrar de tudo isso, em Forteleza ?