Quando se ateia em nós um fogo preso,
O corpo a corpo em que ele vai girando
Faz o meu corpo arder no teu aceso
E nos calcina
E, assim, nos vai matando
Essa luz repentina
Até perder alento.
E, então, é quando
A sombra se ilumina
E é tudo esquecimento,
Tão violento e brando.
Sacode a luz o nosso ser surpreso
E, devastados, nós vamos a seu mando;
Nessa prisão o mundo perde o peso
E em fogo preso à noite as chamas vão pairando...
E vão-se libertando.
Fogo e contemplamento
A revoar num bando
De beijos tão sem tento,
Que não sabemos quando
São fogo, ou água, ou vento...
A revoar num bando
De beijos tão sem tento,
Que perdem o comando
Do próprio esquecimento...