A noite encobre o crime, abafa os gritos
Que dissipam ingenuidades
A noite é o disfarce das idades
Que declara a santidade quem de dia é nulidade
Que inverte o céu, lamparina da cidade
Que faz da puta bailarina
De um beco, um palco
Que leva as mãos ao alto
Que elavam as mãos ao alto
À noite um sorriso é um aviso
Que de noite um gemido não é dor
É o juízo de uma flor
Que de dia, maltratada, mal falada, mal amada
À noite é bolinada pela vela de um amor
Na lapela de um cantor cafona
Estirando na sombra da rua da noite nua
Estirando na sombra da rua da noite nua