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Dulce Pontes - Verde pino, verde mastro
Dulce Pontes - Verde pino, verde mastro
turnover time:2024-11-05 11:40:25
Dulce Pontes - Verde pino, verde mastro

Não há flor do verde pino que responda

A quem, como eu, dorme singela.

O meu amigo anda no mar e eu já fui onda,

Marinheira e aberta!

Pesa-me todo este corpo que é o meu,

Represado, como água sem destino,

Anda no mar o meu amigo, ó verde pino

Ó verde mastro, da terra até ao céu!

Soubera eu do meu amigo,

E não estivera só comigo!

Que onda redonda eu era para ele

Quando, fagueiro, desejo nos levava

Ao lume de água e à flor da pele

Pelo tempo, que mais tempo desdobrava!

E como, da perdida donzelia,

Me arranquei para aquela tempestade

Onde se diz, duma vez, toda a verdade,

Que é a um tempo, verdade e fantasia.

Soubera eu do meu amigo,

E não estivera só comigo!

Que sou agora, ó verde pino, ó verde mastro,

Aqui prantado e sem poderes largar?

Na mágoa destes olhos, só um rastro

Da água, verdadeira, doutro mar...

Soubera eu, ao fim,

Do meu amigo,

E não estivera só comigo...

Em mim!

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