Toda a cidade flutua
No mar da minha canção;
Passeiam, na rua,
Pedaços de lua
Que caem do meu balão!
Deixem Lisboa folgar!
Não há mal que me arrefeça:
A rir, a cantar,
Cabeça no ar...
Que eu hoje perco a cabeça!
Lisboa nasceu
Pertinho do céu,
Toda embalada na fé.
Lavou-se no rio...
Ai! Ai! Ai, menina!
Foi baptizada na Sé.
Já se fez mulher
E, hoje, o que ela quer
É cantar e dar ao pé.
Vaidosa e ladina
Ai! Ai! Ai, menina!
Mas, que linda que ela é!
Dizem que eu velhinha sou;
Há oito séculos nascida!
Nessa é que eu não vou...
Por mim não passou
Nem a morte nem a vida!
Um pajem me fez um fado,
Um calim me leu a sina:
Não ter namorado,
Nem dor, nem cuidado
E ficar sempre menina!
Lisboa nasceu
Pertinho do céu,
Toda embalada na fé.
Lavou-se no rio...
Ai! Ai! Ai, menina!
Foi baptizada na Sé.
Já se fez mulher
E, hoje, o que ela quer
É cantar e dar ao pé.
Vaidosa e ladina
Ai! Ai! Ai, menina!
Mas, que linda que ela é!