Com que voz chorarei meu triste fado,
Que em tão dura paixão me sepultou?
Que amor não seja a dor que me deixou
O tempo, de meu bem desenganado...
Mas chorar não se estima neste estado
Aonde suspirar nunca aproveitou:
Triste quero viver, pois se mudou
Em tristeza a alegria do passado!
Assim, a vida passo descontente,
Ao som nesta prisão do grilhão duro
Que lastima o pé que a sofre e sente.
De tanto mal, a causa é amor puro;
Devido a quem de mim tenho ausente,
Por quem a vida e bens dela aventuro!