Retira-te da minha presença, que me estás martirizando
Retira-te da minha presença, que me estás martirizando
Que à memória me traz coisas que havia esquecido
Já à memória me traz coisas que estavam esquecidas
Põe-me a mão aqui, Catalina, põe-me a mão aqui
Põe a tua mão aqui, que a tens fria
Vê bem que morro
A garota que tinha foi para a Alemanha e não voltou
A garota que tinha foi para a Alemanha e não voltou
E à Alemanha me vou, e não para me divertir
Para tomar um veneno;
eu quero morrer.
Põe-me a mão aqui, que a tens fria
Põe-me a mão aqui, Catalina minha
Vê bem que morro
Põe a mão aqui, que a tens fria
Põe a mão aqui, Catalina minha
Vê bem que morro
Vê bem que morro
Vê bem que morro
Vê bem que morro
Maninho do meu coração
Quão bem saberás que estou morrendo
E te peço e encomendo que chames um escrivão, também meu primo-irmão
Queria fazer um testamento
Como esses paios com fundamento
Anote para mim, senhor escrivão:
Anote o senhor uma cortina
Em cada buraco da qual cabe uma vizinha
Anote para mim, senhor escrivão
Anote um quadro quebrado
Que nem Deus mais sabe de qual santo foi
Anote para mim, senhor escrivão
Anote para mim, senhor escrivão
Anote para mim um olival
Que nunca [se] semeou nem semeará
Anote para mim, senhor escrivão
Anote para mim uma escopeta
Que já não tem nem cano nem capa
Anote para mim, senhor escrivão