Lá no sertão, cabra macho não ajoelha
Nem faz parelha com quem é de traição
Puxa o facão, risca o chão, que sai centelha
Porque tem vez que só mesmo a lei do cão
É Lampa, é Lampa, é Lampa, é Lampião
Meu candeeiro encantado
Meu candeeiro encantado
Enquanto a faca não sai toda vermelha
A cabroeira1 não dá sossego não
Revira bucho, estripa corno, corta orelha
Que nem já fez Virgulino2, o Capitão
É Lampa, é Lampa, é Lampa, é Lampião
Meu candeeiro encantado
Meu candeeiro encantado
Já foi-se o tempo do fuzil papo amarelo
Pra se bater com poder lá do sertão
Mas lampião disse que contra o flagelo
Tem que lutar com parabelo3 na mão
E é Lampa, é Lampa, é Lampa, é Lampião
Meu candeeiro encantado
Meu candeeiro encantado
Meu candeeiro encantado
Falta o cristão aprender com São Francisco
Falta tratar o Nordeste como o Sul
Falta outra vez Lampião, Trovão, Corisco
Falta feijão ao invés de mandacaru
Falta a nação acender seu candeeiro
Faltam chegar mais Gonzagas lá de Exu
Falta o Brasil de Jackson do Pandeiro4
Maculêlê, Carimbó, Maracatu
É Lampa, é Lampa, é Lampa, é Lampião
Meu candeeiro encantado
Meu candeeiro encantado
Meu candeeiro encantado
1. Rebanho de cabras2. Virgulino Ferreira da Silva, vulgo Lampião, foi um cangaceiro brasileiro, que atuou no Nordeste do Brasil — exceto no Piauí e no Maranhão —, ficando conhecido como Rei do Cangaço, por ser o mais bem-sucedido líder cangaceiro da história3. Pistola que era usada por militares da Alemanha e que chegou ao Brasil nos anos de 19504. Cantor e compositor de forró e samba brasileiro. Também conhecido como O Rei do Ritmo.