Olha, és o penso na ferida
Tão pisada e dorida
Que ainda trago no peito
Sem fechar, sem sarar,
E que nega o simples direito
De ir à minha vida
E virar esta página amarga e rompida
Sabes, o amor não é lealdade
É uma meia verdade
Que em certos momentos
Sai da boca sem piedade
Em fragmentos de estratégia pura
Só para sobreviver à doença sem cura
Que deixa um sulco de dor e prazer
Como eu gostava de poder
Amar-te com todo o meu ser
Mas estou tão ocupada a sofrer
Meu querido dá-me um abraço
E ajuda-me a esquecer
Rega o meu pobre deserto
Que parece crescer
Quando o outro não está perto
Olha, quero aqui a prometer
O meu coração fingido
Vai fazer por merecer esse amor imerecido
Até lá és apenas um bálsamo
No meu orgulho abatido
Mas se puderes esperar
Talvez um dia eu te possa amar