Como um pássaro gigante, a caravela
Leva-nos para ti assaz velozmente;
Já quero ver as tuas casas cinzentas,
As tuas ruas, os teus velhos paços e as tuas igrejas.
Esta tarde, num pátio, ao rente duma grade
Vou lhe cantar de amor a aquela rapariga
Cujo olhar tão lindinho e sorriso sem igual
São para mim a alma de Portugal.
Boa tarde, Lisboa dos dias formosos,
Diz dos meus amores,
Boa tarde, Lisboa...
A noite, delicadamente, se pousa
Nos teus monumentos cor-de-rosa
Como um ligeiro véu.
Lá abaixo, constante na noite quente,
Com estranhos perfumes que fluem no vento,
Um fado ao longe canta a sua mágoa
E, doce e meigamente, tomou a minha.
Ambos estamos na beira do Tejo
E, de repente, os nossos corações tornam-se menos sensatos,
E talvez é a aragem do verão, ou Lisboa, ou a noite
Que arrasta-nos a uma meiga doidice.
Bom serão, Lisboa dos dias formosos,
Diz dos meus amores,
Bom serão, Lisboa...
Este serão, eu sonho muito contente,
Quero encontrar o teu céu,
Lisboa dos apaixonados.