M.A.X
Quando o sol se põe ela é que brilha nessas ruas
Nessas aventuras que só terminam lá pra as duas
Depois de horas de narcisismo em frente ao espelho
Lá vai ela, aquele semáforo sempre no sinal vermelho
Apetrechada das unhas dos pés até o cabelo
O corpo é um pecado e os homens todos querem cometê-lo
E pelo cheiro forte, a saia curta e o decote
Cai a chuva de holofotes e não há uma shuga que suporte
E à primeira esquina, basta uma buzina
Pra ela tar num drive a negociar o preço da menina
E como um TPC, os jobs fortes faz em casa
Ou faz entrega ao domicílio logo após uma chamada
E há quem pague o dobro tipo a miúda cobra multa
A quem quiser entrar sem capacete nessa obra pública
Achas que ela é estúpida, pergunta o que ela lucra
Numa noite e olha que as notas não são de moeda única
M.A.X & Ace Nells
Ela conhece bem os traços dessa vida
Mas ela não escolheu, ela foi escolhida
E hoje ela vagueia sozinha e perdida
Nessa longa estrada nesse beco sem saída
M.A.X
Dona dela mesma, órfã desde a adolescência
Nada sabe sobre o pai, mas isso também não lhe interessa
E da mãe não só puxou a bela face
Herdou-lhe a profissão, a clientela e responsabilidades
Três irmãos menores pra aturar e sustentar
Foi-se a filha inocente e ficou uma madrasta no lugar
E com metade da cidade, já teve intimidades
Mas amigas só duas: a Heroína e a Cannabis
Nunca fica lúcida pra não perder a lucidez
Não se arrepende, mas também não se orgulha do que fez
Sermões e lições de moral ali não colam
Queres ensinar o quê à pessoa que mais odeia escola
Nessa carreira de nada serve ter um bom diploma
Bastam pernas bem-dispostas como as da Lurdes Mutola
Passado triste, futuro já não existe
Só o presente importa quando nunca se teve um natal feliz