Um menino
Armado e desarmado em uma foto
Sem felicidade
Desfolhado1 e inconsciente nessa vida
Sozinha
Que não vai curar você
Eu crescerei e sarei um pouco mais homem
Contudo
Uma outra guerra me embalará2
Eu crescerei, combaterei esse medo
Que agora me liberta
Crianças correm nos muros negros da cidade
Elas sabem tudo sobre o amor que se toma
E não se devolve
Elas sabem ver o silêncio e o mal
A pouca liberdade deles
Elas vendem poeira branca
Aos nossos anos
E à piedade
Crianças, crianças
Um menino
Há uma semente fechada em uma lata
Como uma bebida
Você sabe que cada lágrima futura sua
Tem um preço
Como a música
Eu não sei qual menino, essa tarde
Abrirá feridas e imagens
Abrirá
As portas fechadas e uma fronteira
Nessa terra de homens
Terra de homens... Ah, menino
Qual é a praça em Buenos Aires3
Onde traíram
Seu pai, o seu passado assassinado
Desaparecidos
Crianças correm nos muros negros da cidade
Elas sabem tudo sobre o amor que se toma
E não se devolve
Elas sabem ver o silêncio e o mal
A pouca liberdade deles
Elas vendem poeira branca
Aos nossos anos
E à piedade
Crianças, crianças
Um menino
Armado e desarmado em uma foto
Sem felicidade
Desfolhado1 e inconsciente nessa vida
Sozinha
Que vai sorrir para você
1. a. b. Arrancaram as folhas da criança, como se faz com uma flor2. (Sentido figurado) Prover alimento; conceder alento a; nutrir ou alimentar3. Capital da República Argentina