Ai, Dolors, leva-me ao baile,
hoje que vem toda a gente, hoje é quando temos de ir lá.
Ai, Dolors, virei te buscar tarde
de carro e aguardarei-te abaixo.
E, Dolors, hoje entre as nossas cabeças não haverá olhares de cumplicidade
nem, Dolors, dedo algum que passe de leve nas costas por acaso.
Hoje, Dolors, eu batirei palmas ritmicamente
enquanto tu tiras os bilhetes do enésimo coquetel.
Hoje, Dolors, propõe1uma música ao cantor,
um que ria de ti e de mim e desta história que já vai terminando.
Dá-lhe, Dolors, que hoje seremos dois meninos grandes,
nada de tolices, nada de ser especiais.
Um-dois-três, um-dois-três cha-cha-cha,
calcanhar-ponta, calcanhar-ponta, e volta a começar.
E, Dolors, ninguém esperará nenhuma cena doce a frente do portal,
nem, Dolors, nenhuma grande verdade será revelada quando o dia comece a clarear.
Hoje, Dolors, moveremos o corpo no mesmo ritmo
dum tambor acelerado, duma grande linha do baixo2.
Hoje, Dolors, propõe1uma música ao cantor,
um que ria de ti e de mim e desta história que já não é importante.
Um que nos defina com três acordes,
um que nos explique à posteridade,
um que conscientemente seja um ponto e final,
Dolors, um que pareça impossível que possa acabar
Dolors, um que pareça impossível que possa acabar
Dolors, um que pareça impossível que possa acabar.
1. a. b. leitor brazuca, leia 'proponha' aqui! tugas e angolanos ignorem esta nota!2. o instrumento musical