No vidrado subtil
Do azul do azulejo,
Eu me tinjo em teu anil;
Eu te vejo e te desejo
Nas linhas do teu perfil!
Eu me tinjo em teu anil;
Eu te beijo e te desenho
Nas linhas do teu perfil!
Eu esbocei o teu croqui
Com saliva e aguarela
E, na tela, eu descobri
Sem a roupa, a tua pele,
É quase como um biscuit!
Descobri quando despi
Que sem roupa, a tua pele,
É quase como um biscuit!
Essa tez fez-se um verniz
Na tua nudez de época;
Retocada a pó de giz,
Em tua pose perpétua,
Não és pedra por um triz!
Retocada a pó de giz,
No teu brilho madrepérola,
Não és pedra por um triz!
O teu batom fez-me Drácula...
Nas sardas, a Via Láctea!
Perfeita, sem uma mácula;
De mármore, assim linfática,
Vou esculpir a tua estátua.
Perfeita, sem uma mácula;
Prometi, jurei a Fátima:
Vou esculpir a tua estátua!