A minha saia velhinha,
Toda rotinha de andar a bailar.
Agora tenho uma nova,
Feitinha na moda, pra eu estrear.
Não me ponha a mão na saia!
Ai! De longe, diga o que quer:
Você não perde, que é homem...
Ai! Perco eu, que sou mulher!
Ai, não olhes para mim!
Ai, não olhes tanto, tanto...
Ai, não olhes para mim
Que eu não sou o teu encanto!
Que eu não sou o teu encanto,
Que eu não sou o teu amor!
Eu não sou como a figueira,
Que dá fruto sem dar flor...
A minha saia de chita,
Que é bem bonita para passear.
Deixei-a à orvalhada...
Está prateada, da cor do luar!
A minha saia riscada
Está debotada: não posso dançar!
Deixei-a à beira do rio...
Estava frio e ficou a corar!
Tu dizes que não, que não...
Mais ainda hás-de vir a querer;
Tanto a água dá na pedra
Que a faz amolecer!
Que a faz amolecer,
Ainda que ela dura seja...
Eu não perdi a esperança
De te levar à igreja!
Não me rasgues, silva-preta,
Ai, a minha saia de chita;
Porque Domingo, no baile,
Ai! Quero ser a mais bonita!
No Domingo há grande festa
Ai, no adro da nossa igreja.
Eu hei-de ir lá dançar
Ai! Pra que toda a gente veja!
Ai, não olhes para mim!
Ai, não olhes tanto, tanto...
Ai, não olhes para mim
Que eu não sou o teu encanto!
Que eu não sou o teu encanto,
Que eu não sou o teu amor!
Eu não sou como a figueira,
Que dá fruto sem dar flor...