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A Fábrica do Poema lyrics
A Fábrica do Poema lyrics
turnover time:2024-11-16 13:56:53
A Fábrica do Poema lyrics

Sonho o poema de arquitetura ideal

Cuja própria nata de cimento

Encaixa palavra por palavra, tornei-me perito em extrair

Faíscas das britas e leite das pedras.

Acordo;

E o poema todo se esfarrapa, fiapo por fiapo.

Acordo;

O prédio, pedra e cal, esvoaça

Como um leve papel solto à mercê do vento e evola-se,

Cinza de um corpo esvaído de qualquer sentido

Acordo, e o poema-miragem se desfaz

Desconstruído como se nunca houvera sido.

Acordo! os olhos chumbados pelo mingau das almas

E os ouvidos moucos,

Assim é que saio dos sucessivos sonos:

Vão-se os anéis de fumo de ópio

E ficam-me os dedos estarrecidos.

Metonímias, aliterações, metáforas, oxímoros

Sumidos no sorvedouro.

Não deve adiantar grande coisa permanecer à espreita

No topo fantasma da torre de vigia

Nem a simulação de se afundar no sono.

Nem dormir deveras.

Pois a questão-chave é:

Sob que máscara retornará o recalcado?

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